A atriz Ísis Valverde, que está em caminho das índias, namora há nove meses o ator Marcelo Faria, mas não acredita em príncipe encantado e diz que é avessa a relações possessivas TEXTO:RENATA MENDONÇA FOTOS RODRIGO LOPES/ AG. ISTOÉ
''Não acredito em alma gêmea, não gosto de relacionamento prisioneiro''
Impulsiva, falante e segura do caminho que deseja seguir, a mineira de Aiuroca, Ísis Valverde é uma típica garota moderna. Atriz revelação de sua geração, ela não acredita em príncipe encantado, vive a vida profissional e afetiva com os pés fincados no chão e só quer saber do que pode dar certo. "Não bato cabeça em ponta de faca", diz, referindose à maneira prática e objetiva como conduz sua trajetória. Namorada do ator Marcelo Faria há nove meses, Ísis não molda sua relação em fantasias, mas busca companheirismo e liberdade. "Não acredito em alma gêmea, não gosto de relacionamento prisioneiro. Relação sanguessuga comigo, não rola", avisa a atriz que na novela Caminho das Índias, interpreta a romântica e sonhadora Camila.
Há meses ela e Marcelo chamam a atenção por usarem um anel de compromisso trazido na bagagem de sua viagem à Índia, onde gravou cenas da novela. Apesar da joia, a atriz ainda não pensa na possibilidade de casar tão cedo. "Sou muito nova para isso", rebate e diz que não vê problemas em namorar um homem mais velho - Marcelo tem 15 anos a mais que ela. "Se olho e o santo bateu, é aquela pessoa. Eu olho e já é aquela coisa, o olho brilha, o peito dispara..." Ísis acredita que o importante é a sintonia entre eles. Para a atriz, nessas horas, a diferença de idade é o que menos importa.
"O importante é a cabeça e o entendimento que cada um tem da vida, o legal é a hora do vamos ver, da conversa 'chameguenta'", teoriza ela, que se diz avessa a ciúmes. "Não tenho aquela coisa de posse do outro. Só tenho ciúmes da minha mãe", avisa. Por isso, ela adota uma postura low profile em relação à distância temporária imposta por compromissos profissionais de Marcelo, que está em cartaz com Dona Flor e Seus Dois Maridos, em São Paulo. "O amor tem que ter essa distância, não gosto do relacionamento meloso, grudado, atracado", diz antes de assumir um tom mais categórico. "Tenho espírito livre."
''Se olho e o santo bateu, é aquela pessoa. Eu olho e já é aquela coisa, o olho brilha, o peito dispara...''
Foi com esse pragmatismo que ela enfrentou quem lhe pedia uma explicação minuciosa sobre a briga que ela e o namorado tiveram durante o Carnaval, em Florianópolis. Os dois voltaram separados das férias e os rumores do fim do romance logo começaram a surgir. Cinco dias depois, Ísis e Marcelo acertaram os ponteiros e quando acompanhou o ator ao Prêmio Shell, no Rio, ela não hesitou quando foi cercada por jornalistas: "O amor vai às mil maravilhas, que casal nunca teve crise?" Apesar da pouca idade, a atriz já desenvolveu habilidade e espontaneidade costumeiras em situações embaraçosas. Para encerrar qualquer dúvida que ainda pairasse no ar, eles mostraram estar em perfeita harmonia. "As pessoas esquecem que a gente é humano, que tem dor e sentimentos. Não deixo as pessoas sugarem minha alma", diz a atriz.
A menina que fez duas novelas antes de estourar como Rakelli, em Beleza Pura, já foi do tipo tímida que escondia a beleza atrás de calças e blusas largas, cabelão desalinhado e aparelho nos dentes. "Uma verdadeira nerd", diverte-se. Apesar do visual pouco atraente da época, Ísis era uma das meninas mais populares do colégio em que estudava em sua cidade natal. A filha única da escrivã Rosalba e do bioquímico Sebastião Valverde foi uma menina namoradeira, mas que sempre escolheu os rapazes "a dedo", como gosta de frisar. Fazia questão de que todos os namorados pedissem sua mão em namoro. "Sou a filhinha única", brinca. Marcelo, no entanto, foi poupado do ritual. Ísis entende que após ter conquistado sua independência profissional e financeira continua devendo aos pais o mesmo respeito, mas ressalta que agora é ela quem decide quando, como e com quem vai namorar.
O orgulho por ter conseguido ainda tão jovem sobreviver da profissão que abraçou, surgiu após o sucesso de Rackelli. Com apenas três anos de carreira e quatro novelas no currículo, ela já integra o primeiro time de jovens atrizes da Rede Globo e é uma das mais requisitadas para campanhas publicitárias. Mas até conquistar seu espaço, ela gosta de ressaltar, passou por maus pedaços. Em nome da arte, a atriz deixou a família em Minas Gerais aos 15 anos para viver sozinha no Rio de Janeiro. Enfrentou dificuldades financeiras, ficou sem amigos e chegou a pedir socorro aos pais ao se deparar com alguns obstáculos. "Um dia liguei para minha mãe e ela disse: 'Filha, estou a cinco horas daí, resolve'. Eu me olhei no espelho e disse: então é isso, tenho que resolver", recorda, acrescentando que situações como essa lhe deram maturidade para vencer as adversidades e seguir em frente.
Hoje, administra a vida e a carreira com a desenvoltura de quem precisou aprender na marra a sobreviver numa cidade desconhecida. Um dos destaques da trama das oito, ela admite que o padrão de vida mudou e muito desde que deixou sua cidade. Ísis mora num apartamento comprado com seu trabalho, tem empregada e carro na garagem. Mas, garante, os pés continuam fincados no chão. Aprendeu a dar valor a tudo que conquistou e agora seus sonhos vão além. Quer casar e ter filhos - no mínimo dois, já que nunca gostou de ser filha única - mas avisa que esse sonho é para o futuro. Ísis Valverde quer viver uma coisa de cada vez, sem queimar etapas. O momento atual é dedicado à sua personagem em Caminho das Índias e é sobre esse projeto que ela está debruçada para alçar voos ainda maiores. "Camila é o maior desafio que já vivi."